[07.10.2017] A população global está envelhecendo. As melhorias na medicina no último século permitem hoje que as pessoas vivam mais, mas também resultou em um aumento no índice de homens e mulheres com doenças degenerativas, como a demência. As projeções indicam que esse número tende a aumentar.
No dia a dia, o que se vê é o oposto: os índices mundiais de diagnóstico continuam baixos. Mas como? As pessoas recebem tratamentos antiquados ou não recebem tratamento algum, o que contribui para baixas estatísticas. A demência, defende o Fórum Econômico Mundial, não pode mais ser negligenciada. A Aliança Global de Ação para Alzheimer e Demência está pedindo que as pessoas reconheçam que a demência é uma das maiores crises globais de saúde do século 21. Entenda porque:
1. A economia mundial deve perder US$ 1 trilhão em 2018, e se nada for feito, poderá perder US$ 2 trilhões até 2030
Esse valor é superior ao PIB de todos os países, com exceção das 15 maiores economias do mundo. Se o custo global da demência fosse um país, seria a 16ª maior economia do mundo, entre a Indonésia e o México.
Além disso, a demência já ultrapassa o valor de mercado mas maiores empresas do mundo, como Apple (US$ 742 bilhões) e Google (US$ 368 bilhões).
Desse US$ 1 trilhão, 8% representam o trabalho formal e informal de cuidar de pessoas com demência – trabalho feito principalmente por mulheres.
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2. A demência afeta quase 50 milhões de pessoas no mundo, com um novo caso de demência a cada três segundos
Com o envelhecimento da população – principalmente em países de renda média e baixa – as taxas de incidência de demência devem aumentar. Mais da metade das pessoas com demência no mundo hoje (58%) vive em países de renda média e baixa. Em algumas regiões, esse número pode aumentar em cinco vezes até 2050. Nos países ricos, a expectativa é que o total de pessoas vivendo com demência dobre até 2050.
Muitos países ainda estão despreparados para financiar o tratamento de longo prazo. Com as recentes mudanças culturais, menos pessoas dentro de uma família têm disponibilidade para cuidar dos idosos.
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3. Apenas 1 em cada 10 pessoas recebe diagnóstico de demência em países de baixa e média renda
Mesmo em países ricos, menos de 50% dos pacientes recebem o diagnóstico corretamente. No mundo, há uma persistente falta de entendimento de que a demência é uma condição médica, não uma parte “normal” do envelhecimento. A Aliança Global de Ação para Alzheimer e Demência alerta que as pessoas que vivem com a doença precisam de acesso a um médico capaz de oferecer um diagnóstico apropriado e ajudar a planejar o apoio necessário.
Estratégias de redução de risco e o diagnóstico precoce de demência poderiam diminuir os gastos dos governos, reduzindo os custos elevados das emergências médicas e de intervenções cirúrgicas.
4. Duas a cada três pessoas no mundo acreditam que há pouco ou nenhum entendimento sobre a demência em seus países
As pessoas que vivem com demência e seus familiares frequentemente enfrentam estigma e discriminação. A doença pode ter um efeito negativo na empregabilidade – pessoas mais jovens com demência não conseguem encontrar trabalho por causa da discriminação e da falta de entendimento sobre a doença.
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Mais preocupante é que, em alguns países, não há sequer uma palavra para descrever a demência. Muitas pessoas são acusadas de bruxaria, como conta Tsepiso, médico voluntário da Associação para Alzheimer de Lesoto, na África. “Você pode imaginar o que é ver uma mulher idosa andando a noite pela rua, às vezes nua? É a definição de bruxa para muitas pessoas”, diz ele.
5. A demência está entre as 10 principais causas de morte de mulheres no mundo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lista a demência como uma das 10 principais causas de morte em mulheres. No Reino Unido, a doença fica em primeiro lugar na lista. Pesquisas mostram que as mulheres não só têm mais chances de desenvolver a doença, mas elas também são as principais cuidadoras de pessoas com demência e sofrem ainda mais estigma que os homens.