Se você convive com idosos com Alzheimer, ou certos tipos de demência senil, já deve ter reparado que, de uma hora para outra, eles podem ficar ariscos e até agressivos.
É claro que não é de propósito, nem uma questão de personalidade. É um sintoma – que, em muitos casos, tem horário definido.
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A agitação com hora marcada sempre foi um mistério
Quem trabalha com esses pacientes nota que a onda de agitação aparece de repente, e é mais comum quando anoitece. Não é coincidência: o fenômeno é bem conhecido pelos médicos, e ganhou o apelido de sundowning (em português, é algo como “conforme o sol se põe”).
Até recentemente, ninguém sabia porque a chegada da noite era associada com um aumento na agressividade. Mas neurocientistas de Harvard começaram a entender essa relação, graças a um estudo com ratos.
Seu relógio biológico escolhe a hora de brigar
Sabemos que muita coisa no nosso organismo é controlada pelo ritmo circadiano, que define a hora que você sente fome, sono e até sua temperatura corporal. Mas, até agora, ninguém sabia que ele tinha qualquer coisa a ver com comportamentos agressivos.
A descoberta rolou quando os cientistas colocaram ratos machos para disputar território – situação que os deixa naturalmente furiosos. A situação se repetiu em vários horários diferentes – e logo ficou claro que existia um padrão na reação dos animais.
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Durante o dia, porrada crescente. À noite, calmaria
A quantidade de ataques – e a intensidade deles – ia crescendo ao longo do dia. Chegava ao pico logo antes de anoitecer. Mas conforme as luzes se apagavam, os conflitos iam diminuindo e atingiam ao nível mínimo ao amanhecer, antes das luzes se acenderem. Ou seja: a chegada da noite parecia funcionar como um freio para a agressividade dos ratos – exatamente o contrário do que acontecia nos pacientes com Alzheimer.