“O Brasil é um país velho”. Embora difícil de acreditar essa frase já faz parte do cotidiano da população brasileira há alguns anos. O Brasil há muito já deixou de ser “o país do futuro” ou “um país jovem” como se ouve e passou a ser, nos últimos anos, um Brasil de “cabelos brancos”.
O indivíduo passa a ser considerado idoso a partir dos 60 anos nos países em desenvolvimento (nossa realidade) e a partir dos 65 anos nos países desenvolvidos. Hoje, o Brasil tem aproximadamente 20 milhões de pessoas acima de 60 anos de idade. Se levarmos em conta que no último Censo esse número era algo em torno de 14,5 milhões de idosos (8% da população) podemos observar que essa população vem crescendo de forma acelerada e progressiva.
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Esse envelhecimento trás consigo além de toda uma carga de vivência, alterações que precisam ser entendidas para que não sejam confundidas com doença ou fragilidade. Com o passar dos anos o organismo humano sofre mudanças, tais como, uma lentificação no transito intestinal, diminuição no ritmo de filtração renal, uma tendência maior a constipação intestinal, diminuição na quantidade de água no organismo e aumento da gordura corporal, além de inúmeras outras. Novamente é importante lembrar que tudo isso não se trata de doença ou limitação, mas apenas alterações normais que devem ser conhecidas por que acompanha e trata o idoso.
E a quem se deve a responsabilidade pelo cuidado global deste idoso? Geriatra? Clínico Geral? Neurologista? Ou cada especialidade cuida de sua “parte” separadamente (cardiologista – coração, nefrologista – rins, endocrinologista – tireóide)?
A especialidade da Geriatria confere ao medico um conhecimento mais intimo com toda a dinâmica do envelhecimento, tanto o normal quanto do envelhecimento com doenças, tornando o Geriatra o médico mais indicado para o acompanhamento preventivo, diagnostico e tratamento de doenças. Significa que só o Geriatra deve tratar o idoso? De forma nenhuma. Esta responsabilidade deve ser estendida para todos os médicos que se interessam pelo processo do envelhecimento e tem o interesse de cuidar desta população e se aprofundar nas suas particularidades. Este conhecimento e estas particularides não são aprendidas apenas na residência medica, mas nos anos e anos de contato próximo com o idoso tanto saudável, quanto doente.
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Felizmente o médico não atua sozinho, nem deve atuar no cuidado desta população. A abordagem será melhor e mais completa se o profissional contar com uma equipe interdisciplinar para acompanhar os pacientes, de forma a “envolver” todas as necessidades e carências deste, abrangendo diferentes aspectos do envelhecimento.
Além do médico os profissionais que devem fazer parte da equipe interdisciplinar são: o fisioterapeuta, enfermagem, terapeuta ocupacional, farmacêutico, educador físico, nutricionista, assistente social, fonoaudiólogo, dentista e psicólogo. Cada profissional atuaria de acordo com a necessidade e solicitação e com o intuito de levar o melhor do seu conhecimento e especialidade na cura ou alivio do sofrimento do paciente, reabilitando quando possível, mas “cuidando” sempre!
A atuação multiprofissional trás consigo inúmeros benefícios para o idoso, como: melhor controle alimentar e controle do peso, diminuindo fatores de risco para doenças do coração, reabilitação de doenças musculares e articulares, atividade física com melhora do condicionamento físico, assistência as questões sociais e familiares (frequentemente esquecidas por parte dos médicos), esclarecimento em relação ao uso racional dos medicamentos, melhora da saúde bucal e mastigação, dentre inúmeras outras.
Outros benefícios também podem ser observados, como: maior motivação, melhor aceitação da velhice, redução das queixas e consultas medicas, novas amizades e novos horizontes de vida, melhora cognitiva, além de maior participação nas atividades familiares. Se apenas esses benefícios fossem contabilizados toda esta atuação já seria válida.
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Citando um trecho do Tratado de Geriatria e Gerontologia conclui-se dizendo que “O processo de envelhecer é a gradual plenificação do ciclo da vida. Ele não precisa ser escondido ou negado, mas deve ser compreendido, afirmado e experimentado como um processo de crescimento pelo qual o mistério da vida lentamente vai se revelando”.
Quando se fala em saúde, principalmente quando se fala e cuidados e enquanto há vida sempre há o que se fazer!!!
Envelhecer faz parte da vida, mas temos a opção de envelhecer com saúde física e mental.