Velhices com problemas de esquecimento estão sujeitas a uma banalização de condutas que permeiam a falta de respeito ao idoso envolvido.
Lidar com uma doença que lhe tira a autonomia e a condição de compreender os pensamentos, já parece ser o suficiente para que o idoso se sinta diminuído perante os outros e a si.
Em meio a este cenário é comum encontrar cuidadores que infantilizam o cuidar através da fala e dos meios escolhidos por eles e oferecidos a quem não consegue mais fazer valer os seus desejos.
A Arteterapia surge como possibilidade de intervenção capaz de valorizar o sujeito ali existente além da patologia, mas poucas pessoas sabem disso. Em um país onde a cultura é muito pouco valorizada e temas da História da Arte parecem ser algo requintado demais para os velhos que sofrem com a perda de memória causada pelo Alzheimer ou outras demências, fica mais fácil colorir uma florzinha infantilmente traçada, do que propor uma atividade elaborada com o jardim de Monet como inspiração.
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A Arteterapia tem a Arte como caminho e explorar as obras dos grandes mestres da História da Arte são um meio de estimular cognitivamente os idosos que carecem de medidas que enalteçam este viver tão banalizado pela doença e pelo entorno.
Claude Monet (1840-1926), pintor francês que fez parte do movimento impressionista foi um dos mais importantes pintores de paisagens da História da Arte. O jardim da sua casa em Giverny serviu de inspiração ao pintor que retratava a mesma cena em diversos momentos do dia. A luz refletida pela manhã mostrava cores que eram modificadas à tarde e isso encantava Monet que não se cansava de observar os efeitos da luz.
E como problemas fazem parte da vida, a visão de Monet foi muito prejudicada pela catarata que parecia “elamear” sua percepção das cores.
Dizia: Não percebo mais as cores com a mesma intensidade nem pinto a luz com a mesma precisão. O vermelho aparece lamacento para mim; já o rosa, insípido; e os tons intermediários ou menores me escapam por completo. O que eu pinto está cada vez mais escuro, mais e mais como uma fotografia antiga.
Com a visão prejudicada, Monet exagerava nas cores usadas, atitude que garantiu resultados de beleza devastadora!
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A Arte pode e deve ser usada como intervenção positiva às dificuldades impostas pelas velhices.
Portanto, atividades artísticas formuladas e fundamentadas em temas relevantes e interessantes são estratégias eficazes para garantir aos idosos com Alzheimer momentos de envolvimento e calmaria. Mesmo quando a memória não é capaz de registrar aquilo que é proposto, a sensação, trazida pela conduta, é capaz de enaltecer o velho ali existente. Em meio à doença, o que não é lembrado pode de alguma maneira ser sentido.
Vale à tentativa. Arteterapia para promover dignidade às velhices. Experimente! Os ganhos serão inúmeros.