Antes de ter tido uma experiência com a minha avó e o Alzheimer, eu não conseguia entender o motivo dos meses dedicados a certas doenças, assim como o novembro azul em combate ao câncer de próstata e o dezembro vermelho em prevenção da AIDS. Lógico que sempre admirei a vitória da mulheres sob o câncer de mama, e todos os anos acompanhava nas redes sociais as campeãs em sua marcha gloriosa com sorrisos largos durante todo outubro rosa.
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Mas qual a moral de um mês em comemoração a uma doença incurável, de diagnóstico complexo e uma prevenção tão genérica quanto o Alzheimer? Me sentia bobo participante de uma programação enquanto minha avó padecia em sua doença. Outro golpe de ignorância onde fui vítima da negação e outras tantas perdas passionais do familiar frente ao diagnóstico de um ente querido.
O Alzheimer pode não marchar a mesma vitória das campeãs de outubro – onde tenho orgulho de acompanhar amigas que venceram esse desafio – mas tem algumas GRANDES razões para tirar de casa todos os familiares e também idosos que são forçados a conhecer essa nova realidade em suas casas.
- Conscientização: não há como lutar contra algo desconhecido. É verdade que ainda sabemos menos do que gostaríamos sobre o Alzheimer sob perspectivas científicas, mas no campo psicossocial há muito o que ser compartilhado. Só é possível chegar até essa informação quando a sociedade consegue discernir o processo do envelhecimento e suas perdas naturais da manifestação de uma doença complexa como o Alzheimer. É importante ressaltar que o esquecimento em nossa velhice – aquele que compromete autonomia e independência – pode ser Alzheimer, e SEMPRE será válida uma investigação clínica em sua fase inicial, quando os tratamentos podem trazer maior eficácia preservando funções e promovendo a qualidade de vida. Não existe mais caduquice como existia na geração de nossos avós, hoje as demências ganharam nomes como Alzheimer, demência vascular, demência de Lewy. Para que possamos deixar de acreditar na velhice e na caduquice como sinônimos de Alzheimer, precisamos primeiro saber que ele existe! isso se chama CONSCIENTIZAÇÃO.
- Tabus: trazendo o assunto sob a luz da conscientização é possível derrubar preconceitos. O Alzheimer enfrenta alguns sintomas que dificultam a convivência social, trazendo obstáculos diários para o familiar cuidador. Dentro das alterações de comportamento não só a agressividade e a apatia, mas a desinibição pode fazer parte desse grupo que em qualquer lugar ou momento pode gerar inconvenientes. É notório que nossa identidade passa por nossas lembranças, e por ser uma doença que mexe na base dessas lembranças, é impossível que não venhamos a perceber mudanças na forma como aquela pessoa agia. Pode ser uma tapa na bunda de uma filha ou uma ofensa agre
ssiva e desmedida para um neto. Muitas famílias, por medo, constrangimento e despreparo, acabam isolando o idoso do convívio social pela dificuldade em enfrentar o TABU e o preconceito com o termo DEMÊNCIA e seus desafios.
- Prevenção: alguns países nórdicos em continente europeu conseguiram algo inédito. Estatísticas de incidência do diagnóstico mostram uma queda significativa quando falamos em Alzheimer, o que contraria muitas projeções no envelhecimento populacional. Como conseguiram essa façanha? Deixando de lutar contra uma doença específica e lutando contra os péssimos hábitos de uma nação. A prevenção do Alzheimer passa por uma vida saudável, sem vícios e exageros e balanceada. Em nossa próxima coluna falaremos mais sobre todos os fatores vivenciais que podem colaborar para um diagnóstico como o Alzheimer, são exemplos destes a depressão, o sedentarismo e a baixa escolaridade.
Como neto de uma avó diagnosticada com Alzheimer, sinto o maior orgulho do mundo de compartilhar as fotos e vídeos de vovó e dizer com o coração preenchido que aquela era minha melhor amiga. Conheci a doença em seus pormenores, derrubei meus preconceitos e pude mirar em uma prevenção saudável para qualquer um de nós. Tudo isso só aconteceu por um motivo muito especial: HOJE NÓS ESTAMOS FALANDO SOBRE ALZHEIMER!
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De acordo com as grandes associações de Alzheimer pelo mundo, apenas 1 em 4 idosos com Alzheimer recebe o diagnóstico. Mesmo um número tão baixo já assusta quando visto sob outra face: os 35 milhões de diagnósticos espalhados por aí irão triplicar até 2050. Você consegue entender a magnitude disso? Hoje os gastos com Alzheimer já ultrapassariam a 18º lugar entre as maiores potências e PIB’s mundiais.
Aproveite o SETEMBRO ROXO e escolha alguma matéria sobre Alzheimer para compartilhar em suas redes sociais.