Hoje resolvi abordar esse assunto nas redes sociais da Vovó Nilva, e como vocês já devem ter observado ao redor, boa parte das pessoas que vocês conhecem com a doença são tias, avós, mães e vizinhas, mas já se perguntaram o motivo dessa predisposição feminina?
Primeiramente vamos analisar alguns números que devem fazer sentido ao finalizar essa leitura. De acordo com a Associação Norte Americana de Alzheimer, as chances de se manifestar a doença na faixa dos 60 anos é de uma em cada seis mulheres – praticamente o dobro do risco de ter câncer de mama – enquanto para os homens o risco é de um em onze.
Mas ainda que essa estimativa esteja correta, falta descobrirmos – ou especularmos – o motivo pelo qual chegamos até essa expressiva diferença entre homens e mulheres.
Começamos pela razão mais óbvia dentre todos os tópicos que abordaremos, a idade! Envelhecer ainda é o fator de risco mais determinante para o surgimento da doença. Depois dos 60 anos as chances de ter DA dobram de cinco em cinco anos, aí é só usar a lógica para percebermos que mulheres estão pelo menos cinco anos à frente dos homens quando o assunto é expectativa de vida. Parece pouco, cinco anos, mas quando colocados no contexto que avaliamos, acaba sendo bastante significativo. Idade avançada á um fator de risco. Mulheres vivem mais. Ok!
Saiba mais: SERÁ QUE DEVO CONTAR QUE ELA TEM ALZHEIMER?
Mas esse está longe de ser o único motivo, alguns cientistas estadunidenses estão no caminho para comprovar que na fase de desenvolvimento da menopausa algumas alterações metabólicas podem estar associadas ao Alzheimer, aumentando o risco e justificando essa propensão do sexo feminino. Os cientistas avaliam que ao longo desse período o processamento de energia das células do cérebro sofre um déficit em sua eficiência, podendo gerar falhas na memória. Os cientistas acreditam que esse período pelo qual toda mulher passa pode estar ligado ao aumento das placas amiloides, proteína nociva para o funcionamento neuronal. Aqui vale uma ressalva: ainda são estudos assim como vááááários outros que tem a pretensão de provar aquilo do qual não se tem certeza.
Se avaliarmos o número de mulheres e compararmos ao número de homens no planeta é possível encontrarmos um falso equilíbrio demográfico, mas quando analisado fora dessa visão macro percebemos que os números estão mal distribuídos. No Oriente Médio por exemplo há mais que o dobro de homens e a expectativa de vida é mais baixa que os mesmos dados avaliados em países ocidentais, porém em ex-repúblicas soviéticas e outros países que sofreram com as últimas guerras podemos ver uma diferença significativa onde as mulheres estão em vantagem. As idosas de hoje podem ser consideras as “viúvas e filhas” da guerra, justificando um pouco os dados vistos acima.
A última, e não menos importante razão pelo qual se observa essa predisposição é o fato de mulheres assumirem com maior frequência a posição de cuidador familiar. Quem cuida de um idoso com Alzheimer normalmente – esmagadora maioria – são filhas, esposas, netas, na verdade o dobro com relação aos homens que se tornam cuidadores. Mas qual a relação? Quem já se dispôs a essa árdua tarefa sabe o estresse emocional e a exaustão física que os cuidados demandam. E se engana quem pensa que o Alzheimer atinge apenas essas esferas mencionadas, ainda há uma estrutura familiar e econômica em colapso, sendo que em boa parte dos casos a mulher desiste de suas funções externas para se dedicar exclusivamente ao cuidado. Aí não é difícil conectar o isolamento social do cuidador, os possíveis quadros de depressão e outras patologias que compõe o quadro de risco (de estilo de vida) conhecidos da DA.
Saiba mais: POR QUE PARECE QUE HOJE TODO MUNDO TEM ALZHEIMER?
E para finalizar, os idosos de hoje viviam sua juventude em uma sociedade patriarcal onde homens estudavam e assumiam cargos de prestígio e mulheres eram criadas para servir ao lar e suas funções. O nível de escolaridade pode proteger o cérebro de algumas manifestações e sintomas característicos da doença.
Se somarmos todos os fatores acima é fácil acreditar nos índices divulgados, mas não justifica qualquer desespero! O que devemos saber é que toda e qualquer atitude que valorize um estilo de vida saudável e sem exageros pode nos blindar contra diversos problemas conhecidos no processo do envelhecimento, e com o Alzheimer não seria diferente!